domingo, 3 de julho de 2011

Escrever: a maldição de todo escritor.

Bem, obviamente, para uma pessoa ser considerada escritora, basta que ela faça uma única coisa: escrever. Sem julgamento de talento ou qualificação, todo aquele que tem tais pretensões precisa exercitar ao máximo a sua escrita até atingir o que considerar qualitativo. Mas e quando escrever se torna uma maldição, como faz?

Certa vez, uma colega com quem eu fiz um curso sobre poesia contemporânea disse o seguinte:

- Às vezes é uma coisa horrível, insuportável. Vem enquanto estou na fila do banco, do supermercado, ou pronta pra dormir!

Ela se referia ao fato de um poema surgir pronto nas horas mais improváveis e ela precisar anotar desesperadamente antes que o perdesse. É bem por aí. A mente é uma máquina que não descansa.

Eu, que passo uma boa parte do meu tempo escrevendo, vou falar um pouco da minha experiência. Comecei a escrever poesia há 6 anos, e por muito tempo me dediquei só a ela. Em 2007 criei meu primeiro blog, somente de poemas e prosas poéticas e este já conta 300 postagens. Terminei recentemente o meu primeiro livro que comecei a escrever em 2008 e que, dificilmente achei que terminaria. Em 2009, estudei Literatura Infanto-juvenil e criei um blog de poesias infantis. Para relaxar um pouco dos versos, criei este blog em março de 2010 para falar dos meus interesses em literatura e sobre os eventos que participo. No fim de 2010 reuni algumas cartas de amor fictícias que tinha escrito como parte de um projeto e criei um blog só para estes textos. E para relaxar da poesia, das cartas, das resenhas e dos blogs, criei um blog sobre moda e comportamento em 2011. Então, de repente me vi escrevendo para 5 blogs. Cinco, Five, V blogs diferentes.

E não parou por aí. Estou escrevendo paralelamente o roteiro de um curta-metragem e uma peça de teatro, além das minhas atividades como professor de inglês e das obrigações da vida. Cada vez que tento esvaziar a cabeça de idéias, novas surgem. A poesia é a experiência metafísica, os blogs são mecanismo de expressar opinião e a dramaturgia, a fundição de experiências de vida a dos meandros da imaginação, e me pergunta se eu estou cansado? Não estou não.

Especificamente quando se trata do fazer poético, a situação é mais grave. Um texto de blog pode ser trabalhado várias vezes, ser pesquisado, a idéia vem e você pode trabalhá-la depois. Mas o poema não, o poema te invade sem pedir licença e se você não capturá-lo, ele nunca mais volta. Poetas são reféns da sua inspiração.

Escrever é uma maldição. Ela nos aprisiona a algo do qual não queremos nos libertar, tanto é que estou aqui, na frente deste computador às 00:27 de um sábado escrevendo esta crônica.

Hudson Pereira