quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sir Ferreira Gullar

Não é todo dia que podemos estar na presença de um mito. Sim, esta é a sensação que eu e todos os presentes tivemos no dia 29 de setembro, ao estarmos na presença de Ferreira Gullar que encerrou as homenagens aos seus 80 anos de idade no Poesia no Sesi. Gullar é considerado o maior poeta brasileiro ainda vivo, e em plena atividade.
Durante Setembro, mês de seu aniversário, Gullar participou de inúmeros eventos em sua homenagem, lançou livro de poemas inéditos, teve as vitrines das lojas Livraria da Travessa decoradas com seus livros, e neste ano, ganhou o Prêmio Camões.

Ferreira falou para a platéia durante cerca de uma hora sobre sua vida, trajetória, as vertentes de sua obra e, claro, a poesia das coisas. – “Fazer 80 anos faz diferença? Nenhuma!” – diz ele – “a inquietação continua a mesma”, contudo admite que o passar dos anos o deixou mais reflexivo, e isso fica claro em “Em alguma parte alguma” (José Olympio Ed. 143 págs) onde Gullar reflete desde sobre seus ossos às flores do condomínio. Entre os poemas, um dos que chamam mais atenção é “O duplo” onde Gullar admite haver um outro Gullar, o poeta grandioso, que se difere do Gullar homem, comum.
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O OUTRO

Foi se formando
a meu lado
um outro
que é mais Gullar do que eu

que se apossou do que vi
do que fiz
do que era meu

e pelo país flutua
livre da morte
e do morto

pelas ruas da cidade
vejo-o passar
com meu rosto

mas sem o peso
do corpo
que sou eu
culpado e pouco.

Gullar e eu

Fotos & Texto: Hudson Pereira







sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Lançamento: "Intenso Infinito" de Teris Henrique Filho

Uma poesia sem limitações de força e grandeza. Esta é a idéia que “Intenso Infinito” (Ed. agBooks 206 págs), o novo livro do poeta Teris Henrique Filho me transmite. Segundo livro, que é lançado 7 anos após o primeiro, mostra que neste longo hiato, o poeta atingiu o seu nível de criação mais delicadamente possível. Falar de amor é coisa que todos os poetas fazem, mas falar de amor de uma forma pessoal e abrangente, não. Certos poemas deste livro poderiam ser encontrados em milhões de diários e cadernos mundo a fora. Teris consegue ser a voz única de tantas pessoas que, todos os dias, acordam, vivem, sofrem e são felizes – não exatamente nesta mesma ordem.

“Vivo num mundo inóspito
Tenho os ossos fracos
Os versos vazios
O sorriso vago
Mal entendo o tempo”


Todos entendemos, Teris, e é por isso que sua poesia tem essa capacidade de ser coletiva. Em seu livro Anjos, Divas, Príncipes, Diabos, Sirigaitas e Loucos convivem, nem sempre em harmonia, mas trilham o mesmo caminho: o difícil trajeto da paixão.
Na orelha, escrita por Hudson Pereira, senhor e dono deste blog, eu afirmo sem dúvida que: “A poesia de Teris Henrique Filho não cabe na pequenez que é a vida, por isso é infinita. Ela também não cabe dentro das fronteiras dos cinco sentidos, por isso é intensa. (...) Eis um poeta que atravessa as barreiras da modernidade com um coração que carrega todas as idades. Um poeta corajoso, que desbrava caminhos inexplorados. Eis aqui Teris Henrique Filho, poeta por excelência, um poeta infinitamente intenso.

“Palavras não adiantam muito quando um gesto é mais eficaz.”

“Tem um céu dentro do mar e um calor dentro de mim."

Nunca posso deixar de amar qualquer paixão.”

“O vento me acompanha com seu som de violino, e caos.”

“Os anjos não têm sexo, e os poetas também não.”
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E para vocês, o poema que dá título ao livro:

INTENSO INFINITO

A imensidão é uma doce nostalgia
De flutuantes amores incondicionais
Intenso infinito de pura melancolia
Refúgio encantado de pobres mortais...

Prazer e ilusão de noites a fio
Calor da alma de angústias freqüentes
Grande fortaleza de imprevistos calafrios
Que guarda quimeras e choros inocentes...

Dimensão de flores e de vozes vibrantes
Onde os sentidos se rendem ao acaso
Local poderoso de incríveis instantes
Segredo íntimo de amantes indomados...

Propenso lugar de abraço e proteção
Mesmo que de sonhos e saudade dolorosa
Eternidade afável colorida à mão
Seja de azul, amarelo ou cor-de-rosa...
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O livro estará a venda a partir de hoje, dia 25 de setembro através do site http://www.agbook.com.br/book/25109--Intenso_Infinito e no dia 15 de outubro será a tarde de autógrafos, o convite pode ser conferido abaixo:




Texto: Hudson Pereira
Fotos: Divulgação

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O lado poeta de Fernanda Young

Ela é conhecida por escrever, ao lado do marido Alexandre Machado, roteiros para a TV (Os Normais, Separação, Os Aspones, O Sistema) e para o cinema (Os Normais 1 e 2, Bossa Nova) e como apresentadora dos programas Irritando Fernanda Young e e Saia Justa. Mas acima de tudo Fernanda é escritora, e também poeta.

A originalidade já característica de seu trabalho também aparece em “Dores do Amor Romântico, seu primeiro e único livro de poemas.
Apesar do título não espere um livro de poemas românticos e delicados, não, Fernanda oferece o lado sombrio do amor, a face mais obscura que um coração pode ter. Na orelha, somos avisados que neste livro “o herói é o voluntarioso amor, exposto em toda sua coragem, precipitação e dor, e neste duelo ninguém é poupado.” E não é, nem o eu que escreve nem o eu que o lê.

No poema de abertura ela nos alerta, que ser poeta é apenas uma fuga:

“É melhor continuar escrevendo
essas frases curtas, que assim amontoadas,
dão um ar de coisa pensada,
que nem é, sabe? nem é importante...
(...)
quando dá essa vontade louca de morrer, é bom
fingir ser um poeta. É. É melhor continuar escrevendo.”


Fernanda encara suas fragilidades sem medo de se mostrar, pois a poesia é feita pela verdade, não há ficção ou personagens. Há a própria F. Young exposta sem pudor:

“O problema é que sou tola e
carente,
mas não me deixo enganar,”

“Fernanda.
Má. Feia. Egoísta. Ladra. Invejosa.
Definitivamente desnecessária.
Então melhor
morta.”


A possibilidade da morte e do suicídio ronda todo o livro, porque a dor do amor romântico comprime toda vida e toda possibilidade de paz, o amor é feito para os fortes, e a mulher não é. Ela conversa com Sylvia Plath (Poeta americana que se suicidou em 1963 por não suportar o divórcio com o poeta Ted Hughes, seu grande amor).

S. Plath

Que cor tem a morte?
Doce amiga, que cor
tem o alívio da
partida?
(...)
Diga-me, para que
minha curiosidade
não me leve até você.


Ao longo do livro, há sempre uma crescente sensação de desespero e ansiedade, seguidos por breves momentos de alívio. Só que o alívio não compensa, se amar dói, não amar dói mais ainda, e é preciso remexer no passado para manter o pique:

“Quando um amor termina
tenho vontade de desenterrar
todos os outros, os já terminados
mil anos atrás”


E o pique é mantido.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Encontros: Marina Colasanti e o Feminino Plural

Marina Colasanti dispensa apresentações. Conhecida como a mais feminina das escritoras do século XX, Marina tem, entre outras características, a capacidade de produzir incessantemente e lançar mais de uma obra por ano.
Durante o Salão FNLIJ 2010 tive a chance de, mais uma vez, participar de um bate-papo com ela. E dessa conversa saíram declarações sobre livros, literatura, poesia e vida.



Sobre livros:
“Livros infanto-juvenis não passam pelas livrarias, vão direto para as escolas. Não formamos frequentadores de livrarias.”

Sobre suas criações:Escrevo contos de fadas porque eles são para todas as idades”

“Sempre ficam contos de fora quando finalizo um livro, mas a partir deles eu escrevo mais um livro.”

“O trabalho de criação de um artista flui por vários canais, sem limites.” Sobre o fato de ser também artista plástica e ilustradora.

“Não conheço o singular.” Sobre a pluralidade de sua obra, que inclui romances, crônicas, contos, poesia e infanto-juvenil.
Sobre seu casamento com o poeta Affonso Romano de Sant’Anna (na foto acima):
“Eu e Affonso não brigamos por trabalho nem por dinheiro. Somente pela educação dos filhos e pelo afeto do cachorro.”
Sobre a vida:

“Como viver sem ler Proust?”

“Os livros ocuparam um lugar na minha vida que estava vago.”
Sobre poesia:

“A poesia me permite falar a verdade sem ser impositiva, não estou ensinando nada a ninguém. A poesia é feita para o sangue.”
Sobre o amor:
“O amor é bonito porque é complexo.





Texto: Hudson Pereira
Fotos: Google & Bruno Macedo

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Elisa Lucinda: Da ultilidade da poesia

Elisa Lucinda é mesmo uma fonte de luz. Fez da poesia sua bandeira e a carrega em todos os âmbitos de sua vida. Encontrei este texto de sua autoria e resolvi dividir com vocês, ela realmente sabe qual é a ultilidade da poesia.

Da ultilidade da poesia

Talvez a poesia seja pioneira no setor de “auto-ajuda”, antes de haver editorialmente este termo. Desde adolescentes colecionamos versinhos de diversos autores em agendas e, muitas vezes, dizemos deles: “esse verso sou eu! Parece que ele me conhece!”. Outras vezes um verso salva uma pessoa, noutras, muda uma vida ou várias. Tenho dedicado minha vida a popularizar o gênero. Como sabemos, até hierarquicamente o gênero poesia é desprezado. As premiações para romance e contos, por exemplo, nos mais prestigiados concursos do mundo são sempre mais avultosas do que os valores para a poesia. Como se pudesse haver hierarquia entre os gêneros. Acabo de publicar o meu primeiro livro de contos e pude me ver diante da insististe pergunta afirmativa de variados jornalistas: “bem agora que você já está escrevendo contos, pretende também chegar até o romance? “Ora falam como se houvesse uma evolução. Estamos falando da arte da escrita e cada uma de suas modalidades possui um tecido diferente. Acaso nas artes plásticas um escultor é melhor do que um pintor? Muitas vezes o cara é um grande romancista e não foi capaz de um verso; eu não conheço nenhum poema de Virgínia Woolf, e tão pouco posso dizer que Fernando Pessoa é menor do que Gabriel Garcia Marques.


Estou dizendo que a poesia sofre de discriminação, preconceito e de desprestígio por parte de livreiros, editores e consequentemente do público a quem não é oferecida está pérola de forma atraente. Ora, se a poesia está na fala das crianças (A lágrima é magoa da água), nos provérbios populares (Quem não vive para servir não serve para viver / O que a gente leva da vida é a vida que a gente leva), nas cartas dos apaixonados (Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure), nas folhinhas dos calendários (Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas), nas letras de música (Se eu quiser falar com Deus tenho folgar os nós das gravatas, dos sapatos, dos anseios, tenho que esquecer a data, tenho que perder a conta, tenho que ter mãos vazias, ter a alma e o corpo nus.), nos sermões religiosos (Não diga a Deus o tamanho dos seus problemas, diga aos seus problemas o tamanho do seu Deus).

Pois bem se ela está em toda parte, por que não vende? Por que é considerada menor? Arrisco em dizer que a gênese dessa dificuldade de circulação da poesia esteja no ensino básico onde a criança é apresentada ao poema e o professor (salvo raras exceções) não sabe lê-lo. Para se ler um poema há uma tendência universal de impostar a voz e se distanciar do tema para priorizar a sua forma. Carrega-se a mão na tinta ao se eleger as rimas no exagero sonoro de exaltá-las, criando assim uma “música” previsível e aprisionante que faz parecerem iguais todos os poemas. Esse jeito formal de tratar o verso quando é dito nos saraus de declamação ou na sala de aula prejudica a comunicação e a transmissão da mensagem que aquele verso traz, além de entediar e muitas vezes fazer adormecer seu público alvo. Na maioria das vezes a forma gráfica desta escrita ilude o leitor e o orador, levando-o a respirar a cada fim de verso atropelando o seu sentido, cortando o fluxo de uma oração, separando o verbo do seu complemento, o adjetivo de seu substantivo, criando uma distância violenta e uma montanha de “non sense” entre a poesia e seu espectador. Vou dar um exemplo no fragmento do poema de Manuel Bandeira:

“Teu corpo de maravilhas
quero possuí-lo no leito
estreito da redondilha.”

Infelizmente, algumas vezes pude assistir esses versos sendo lidos dando uma pausa no “leito”, separando bruscamente o adjetivo “estreito” que dá qualidade ao “leito”, se falado junto. Porém, quando os separamos criamos um discurso doido que suspende qualquer entendimento lógico.

Tenho dedicado minha vida à difusão da poesia em todos os meios de comunicação para todos os públicos e idades. Quando tinha apenas onze anos, minha mãe, percebendo o meu gosto por esta arte já na escola, me levou para estudar declamação. Por sorte a professora era uma mulher especial e foi me dizendo logo que o seu curso era, não de declamação, mas de Interpretação Teatral da Poesia. Eu não entendi logo o que isso significava, mas gostei e essa senhora querida, Maria Filina Sales Sá de Miranda me ensinou a ler o poema contando a sua história, só dando pausas ditadas pelo sentido e não pela forma. Essa escola onde permaneci por seis anos consecutivos e dela só saí para ingressar no teatro, deu um vetor diferencial no tratamento poético para mim. A experiência nos palcos do Brasil e de alguns outros países, me levou a criar a Escola Lucinda de Poesia Viva, cujo lema é “falando poesia sem ser chato”. Este lema nasceu porque quando iniciei meus espetáculos monólogos poéticos no Rio de Janeiro, descobrimos que se colocássemos a palavra poesia nos cartazes de divulgação afastávamos o publico que certamente pensava o que inúmeras vezes verbalizou: “Ah não, monólogo e poesia ainda por cima..., não vou suportar!” Foi preciso então que muita gente testemunhasse que era possível outra forma de experênciar a poesia e ver que meus recitais, ao contrario dos outros, não deixava ninguém dormir na poltrona, para que eu pudesse como hoje estampar a palavra poesia nas peças publicitárias desses espetáculos, sem medo de espantar ninguém. A experiência diversificada durante estes anos falando para auditórios de duas mil pessoas, cinco mil e até quarenta mil me fez concluir que o segredo dessa comunicação está em trazer para a poesia a musicalidade das conversas, digo das conversações cotidianas. Se o poema nasce do cotidiano ele deve ter o seu acento, sua “imperfeição” humaníssima, seus muxoxos, seus naturais gestos que jamais devem ser ensaiados antes. Pois da mesma maneira que quando falamos o texto da nossa vida real, utilizamos nossas mãos e todo nosso corpo como agente de expressão espontânea, assim devemos fazê-lo com os versos, gesticulando sem pensar nisso. Se devolvemos à poesia seu sotaque original, seu desejo de ser compreendida, sua musicalidade informal de conversa, de “charla”, seu dom de comunicação se cumpre e encontra seu alvo. Muita gente me diz que era virgem de poesia antes de conhecer esse modo de dizer, que antes se sentia menor, excluído e incapaz de compreender um poema. A experiência me diz que a culpa raramente é do poema e sim de seus declamadores. Na Escola Lucinda de Poesia Viva costumo dizer aos meus alunos que eles passarão por uma “clínica de desintoxicação” para que se libertem do “vício” de aprisionar o poema numa “música” formal e limitada como se fosse um chato discurso político, que nos acompanha desde criança.

Caí dentro desse assunto tratando este “produto” com iniciativas de multimídia. Explico: ao publicar um livro, também o lanço em forma de espetáculo, de CD e agora de DVD, além de utilizar a televisão e o rádio para dizer poemas a cada entrevista. Essa atitude traz maior circulação e consumo do gênero. Coleciono uma série de exemplos que comprovam, não só a utilidade mas a necessidade da poesia no mundo; me lembro do ano passado durante o Fórum de Cultura em Barcelona quando uma senhora me disse que tinha trocado suas pílulas anti-depressivas por uma dose diária do meu espetáculo poético “Parem de falar mal da rotina ”. De outra vez uma senhora aluna minha de oitenta anos, Dona Elza, me disse que havia perdido um neto e nem tinha tido espaço pra sofrer por se sentir na obrigação de consolar a filha no seu desespero atroz; certo dia Elza ao entrar na livraria abriu, por curiosidade, um livro de Carlos Drumonnd Andrade e se deparou com um poema que ressignificava o conceito da palavra ausência dizendo que ausência é, não uma falta, mas um excesso de presença do objeto amado. De alguma maneira esse pensamento aliviou o coração da avó e curou a depressão da mãe. D’outra vez um jornalista de uma grande revista brasileira me ouviu dizer um poema meu que se chama “Libação”, cujos versos finais mudaram sua vida:

“A vida não tem ensaio
mas tem novas chances
Viva a burilação eterna, a possibilidade
o esmeril dos dissabores!
Abaixo o estéril arrependimento
a duração inútil dos rancores
Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:
a vida inédita pela frente
e a virgindade dos dias que virão!”

Pois ao ouvir essas palavras, Leôncio refletiu sobre sua carreira e admitiu que se considerava um embuste como jornalista e que poderia viver sendo mais honesto com os seus sonhos. A partir daí e na mesma semana, mesmo indo contra seus familiares, pedira demissão dos seus vinte anos de revista “Veja” e com o dinheiro recebido abriu uma livraria chamada “Esquina da Palavra” que era o seu sonho desde menino e da qual sou madrinha a seu convite; o batizado, eu nem preciso dizer, foi um recital.
Há um poema (Choro à capela) de Adélia Prado que também produz milagres:

“O poder que eu quisera é dominar meu medo.
Por esse grande dom troco meu verso, meu dedo,
meus anéis e colar.
Só meu colo não ponho no machado,
porque a vida não é minha.
Com um braço só, uma só perna,
ou sem os dois de cada um, vivo e canto.
Mas com todos e medo, choro tanto
que temo dar escândalo a meus irmãos.
...................................................................................
Tristeza é o nome do castigo de Deus
e virar santo é reter a alegria.
Isso eu quero.”

O primeiro milagre (que eu saiba) que esse poema operou foi com uma aluna que o estudou durante um workshop para professores em Recife. Depois que Marina, essa professora simples da escola pública da zona rural pernanbucana, disse esse poema de cór, nervosa e emocionada, mas muito bem dito, para um platéia de mil pessoas que a aplaudiu de pé, recebi uma carta sua que dizia mais ou menos assim:

“Elisa, foi uma experiência maravilhosa esse curso para mim, depois daqueles três dias mágicos estudando um poema mágico e conhecendo outros, passei a ver poesia em tudo: no pão quentinho nas mãozinhas dos meus filhos pela manhã, na alegria dos meus alunos, no vento da tarde e tirei da minha vida tudo que não é poesia. O primeiro a sair foi meu marido. Obrigada por tudo.”

Depois em outro workshop no interior do Rio de Janeiro veio falar comigo uma aluna, Ivone, que nos seus trinta e cinco anos exibia dedos das mãos e dos pés entortados por um processo de artrose cavalar. Pois na hora da escolha de poemas ela se aproximou de mim particularmente e disse que havia me visto dizer um poema na tv e que deu vontade de saber um poema de cor para experimentar da mesma sensação que ela experimentara ao me ver, só que no papel de dizedora. Ivone, no entanto, revelou não saber que poema escolher, uma vez que seu dilema era a triste doença que aleijava sua juventude a passos largos. Ela então me perguntou o que eu faria se estivesse em seu lugar. Respondi que a achava muito corajosa e que se eu tivesse os dedos tortos, a princípio tentaria escondê-los por vergonha. Mas que ela, ao contrário, trazia as unhas muito bem feitas, pintadas de vermelho e os tortos dedos cheios de anéis, e que além disso, maior defeito físico era o medo, que paralisava pessoas não portadoras de nenhum defeito físico e que, no entanto, não estavam ali, bravamente como ela. Sugeri o “Choro à Capela” e Ivone o abraçou com unhas e dentes e no segundo dia do curso, voluntariamente, foi a primeira a apresentá-lo, memorizado, emocionando a todos, toda linda de dentro dum vestido colante de oncinha. Ivone casou logo depois com um dos que a viram dizer esse poema nesse dia.
Há dois anos fui convidada a jantar com meu grande amigo ator, autor de telenovelas e diretor de teatro, Miguel Falabella. Na ocasião ele me falava que havia perdido o pai que tanto amava e por isso, obviamente estava muito triste. Lembrei-me então de um outro poema de Adélia chamado “Leitura”:

“Era um quintal ensombrado, murado alto de pedras.
As macieiras tinham maçãs temporãs, a casca vermelha
de escuríssimo vinho, o gosto caprichado das coisas
fora do seu tempo desejadas.
Ao longo do muro eram talhas de barro.
Eu comia maçãs, bebia a melhor água, sabendo
que lá fora o mundo havia parado de calor.
Depois encontrei meu pai, que me fez festa
e não estava doente e nem tinha morrido, por isso ria,
os lábios de novo e a cara circulados de sangue,
caçava o que fazer pra gastar sua alegria:
onde está meu formão, minha vara de pescar,
cadê minha binga, meu vidro de café?
Eu sempre sonho que uma coisa gera,
nunca nada está morto.
O que não parece vivo, aduba.
O que parece estático, espera.”

E assim seguiu o nosso jantar “poético”, porque ao final de cada tema de nossas vidas e de nossos assuntos, eu tirava da manga um poema oportuno. Foi quando ele me disse que aquilo exercia nele uma maravilha curativa sem medida e que eu deveria criar postos de “Emergência Poética” pela cidade do Rio de Janeiro, onde moramos, para que as pessoas pudessem apresentar seus problemas e ter a solução prescrita em versos.

Meus amigos, a poesia é uma jóia como gênero e não está abaixo e nem acima de nenhum outro. Tem o poder de ser ambulante, de poder andar no bolso, no coração, na sala de aula, entre amantes, no meio de uma sedução, no meio de uma tese, no meio de uma palestra, num julgamento, num programa de tv, num passeio, num churrasco, numa canção, num teatro, numa festa, e merece atenção e tapetes vermelhos por parte dos profissionais de literatura. Me despeço com um fragmento do “Credo”, o meu poema mais caçula.

“Porque sou humano e creio no divino da palavra, pra mim é um oráculo a poesia!

É meu tarô, meu baralho, meu tricô, minha reflexão, minha bruxa, meu caldeirão, meu I ching, meu dicionário, meu cristal clarividente, meu búzio, meu copo com água, meu conselho, meu colo de avô, a explicação ambulante de tudo o que pulsa e arde..

A poesia é síntese filosófica, fonte de sabedoria e bíblia dos que, como eu, crêem na eternidade do verbo, na ressurreição da tarde e na vida bela, amém!”

“Se eu fosse um padre
Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
– muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema – ainda que de Deus se aparte –
um belo poema sempre leva a Deus!”

Mario Quintana

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Vídeos: Geraldo Carneiro

O poeta Geraldo Carneiro participou do último Poesia no Sesi dedicado à obra de Vinicius de Moraes, no mês de Julho. Geraldo recitou “Poema de Natal” e “Soneto do amor total” do poetinha e “Índias Ocidentais” e poemas inéditos de sua autoria. E o Papel Ofício registrou as leituras, feitas da inconfundível voz de Geraldo Carneiro.








quinta-feira, 8 de julho de 2010

Entrevista: Teris Henrique Filho

POESIA COM A CARA DA JUVENTUDE

O capixaba Teris Henrique Filho começou a escrever poesia no início da adolescência. Lançou o primeiro livro aos 14 anos, de forma independente. E hoje, aos 20 é um dos autores mais acessados no site Recanto das Letras contando hoje, com mais de 22 mil acessos. Sua poesia se caracteriza por um profundo romantismo expressado através de uma linguagem simples e rica em imagens. Na entrevista Teris falou sobre sua trajetória, influências, e do papel que o poeta tem na disseminação da cultura na sociedade.
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Papel Oficio: Teris, você começou a escrever poesias aos 13 anos, e aos 14 já publicava o primeiro livro, como foi esse processo?

Teris Henrique: A poesia surgiu na minha vida de uma maneira muito despretensiosa. Tudo começou através da minha professora de Português da 7ª série, ela pediu aos alunos para que escrevessem algum poema sobre um tema livre para ser apresentado em sala. A partir desse primeiro contato com a arte da escrita, a professora enxergou em mim uma certa aptidão, me incentivou a continuar escrevendo e produzindo outras coisas. Quando eu já tinha um número grande de poemas, ela, os meus pais e a diretora do colégio pensaram na elaboração de um livro, o que viria a ser o meu primeiro lançamento com apenas 14 anos de idade.

PO: Tendo sido tão rápido, teve algum ponto negativo?

TH: Realmente foi tudo muito rápido, o livro aconteceu poucos meses depois da minha descoberta da escrita. Pode ter sido precoce publicar um livro tão cedo porque querendo ou não, eu era apenas uma criança, estava começando na literatura, 13 pra 14 anos, sem qualquer experiência, técnica, noções poéticas... Mas a minha ânsia em dividir sentimentos com outras pessoas era enorme e foi isso que impulsionou a confecção do livro. As poesias podem ter uma linguagem “infantil”, “boba”, “superficial”, porém condizem com a idade que eu tinha. O que importava pra mim era me expressar de alguma forma, por isso não me arrependo daquela publicação.

PO: E se você estivesse começando hoje, aos 20 anos, o que faria diferente?

TH: Se estivesse começando hoje com certeza publicaria um livro com mais cuidado, dedicação, seria um trabalho mais bem feito, que tivesse uma responsabilidade e uma maturidade poética maior.

PO: De lá pra cá, você produziu incessantemente. Sua poesia mudou?

TH: Naturalmente, minha forma de escrever mudou, minhas percepções e meus sentimentos não são expressos da mesma forma como quando comecei... Eu me sinto mais seguro, maduro, preparado, consigo me sentir “poeta” de fato - o que na época da publicação do livro eu via como uma brincadeira mesmo .

PO: Sua poesia é famosa por ter uma presença quase onipresente do romantismo. O jovem de hoje em dia é romântico?

TH: Eu sou muito romântico, me considero até romântico em excesso, por isso toda essa influência em minhas poesias. Vejo que muitos dos jovens de hoje não dão prioridade sentimental aos seus relacionamentos, a questão física tem contado mais do que a emotiva para eles... Acho que a juventude tem evitado o romantismo, ela está mais racional.

PO: Como é seu processo criativo?

TH: O processo criativo flui de maneira natural, não tenho fórmulas ou rituais na hora de escrever, apenas sento e transmito para o papel as minhas idéias, os meus pensamentos, o que estou sentindo naquele exato momento. Minha inspiração é repentina, vem quando menos se espera, às vezes estou numa situação em que não posso parar pra escrever, mas é involuntário. Tenho diferentes fontes de inspiração, seja uma música tranqüila que eu escuto ou até mesmo a movimentação caótica da cidade. Eu escrevo melhor quando estou melancólico, não que eu precise estar triste para compor, mas em momentos de extrema sensibilidade surgem textos muito profundos e verdadeiros.

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PO: Além do livro, você utiliza a internet para divulgar seu trabalho. O que te deu mais visibilidade. Você acha que esse é um meio mais eficaz de publicação?
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TH: A internet me permite divulgar de maneira mais abrangente o meu trabalho. Por ser um veículo ágil e em constante expansão, ela torna possível que pessoas de todos os lugares e de todas as idades tenham acesso ao que escrevo quase que no mesmo instante de sua publicação. Por outro lado, os livros também têm suas particularidades, é o registro físico, é onde você tem mais liberdade de criação, de exposição...
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PO: Você mora em Cachoeiro de Itapemirim/ES. Como é a cena literária de sua cidade?
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TH: Cachoeiro de Itapemirim é uma cidade famosa por ser berço de grandes artistas: Rubem Braga, Newton Braga, Roberto Carlos... Existe muita gente produzindo por aqui, pessoas talentosas com um potencial enorme tanto para a literatura quanto para qualquer outra manifestação cultural. Eventos literários ocorrem com freqüência - saraus, recitais, bienais - uns são bastante divulgados, porém outros não. Sinto que ainda falta o incentivo e o apoio do governo para a difusão da cultura na cidade, ela não chega a toda a população como deveria.
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PO: Além de poemas, você compõe canções. Qual a diferença na hora de criar?
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TH: Compor canções é apenas a continuidade do meu trabalho com poesias. Às vezes é inevitável musicar alguma coisa que eu tenha escrito... Poema já tem ritmo próprio, o que lhe falta é melodia.
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PO: E como saber se um texto é poesia ou letra de canção?
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TH: Toda letra de canção é uma poesia. Quando escrevo algo que julgo ter uma musicalidade legal, uma mensagem boa pra ser cantada e trabalhada como música, apenas tenho de estruturá-lo para combinar letra e som.
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PO: Seu pai também é escritor, só que ficcionista. Há alguma influência ou intervenção dele no seu trabalho?
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TH: Meu pai escreve de tudo, desde poesias, crônicas até romances policiais e de ficção. Ele já tem dois livros publicados e, de certa forma, é uma referência para mim.
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PO: Sua escrita é baseada nas suas próprias experiências de vida?
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TH: As poesias revelam muito de mim, mas não são necessariamente autobiográficas. Eu costumo misturar realidade com ficção, só que as pessoas não sabem até que ponto eu estou falando de mim e até que ponto eu estou inventando.
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PO: Qual foi o poema mais difícil de escrever e por quê?
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TH: Essa é uma pergunta complicada de se responder. Não sei dizer qual foi o mais difícil de ser escrito, como também não sei dizer qual foi o mais fácil. Existem poemas que escrevi com menos de 5 minutos, outros demoraram 2 horas, outros vários dias... Tudo depende da inspiração, ela pode chegar avassaladora a ponto de se escrever tudo de uma vez como também pode voltar num outro momento para se terminar um rascunho guardado.

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PO: Quem é seu autor favorito e por quê? Ele te influencia em algo?

TH:
Carlos Drummond de Andrade é mais do que meu autor favorito, é um grande mestre, quem eu muito admiro. Ele é a minha maior influência, escrevia poemas e defendia suas idéias como ninguém. Seu lirismo é único.

PO: Qual é o seu livro favorito?

TH:
"A Rosa do Povo", que foi escrito por Drummond de Andrade entre os anos de 1943 e 1945, quando o mundo vivia os horrores da Segunda Guerra Mundial. É o mais longo de seus livros de poemas.

PO: Qual livro está lendo no momento?

TH:
“O Terceiro Travesseiro”, romance de Nelson Luiz de Carvalho. É uma obra literária de ficção baseada em relatos reais de um garoto que sofreu o preconceito e a dor de um amor incompreendido pela sociedade que o rodeava.

PO: Como você define o ofício de poeta? E qual o papel dele na nossa sociedade?

TH:
O poeta é quem traduz sentimentos, é o ser pensante, quem expressa suas emoções do fundo da alma, quem busca uma representação para tudo que sente. Dentre outras funções, o poeta é quem retira a sociedade de sua realidade e a transporta para um mundo além de sua imaginação.

PO: E para terminar, fale da importância da poesia na sua vida.


TH: A poesia é realmente essencial em minha vida, é quem me inquieta, me acalma, me liberta, me conforta. Sem a poesia eu não me conheceria, não saberia o significado da paz, do amor, do ódio, da tristeza, da esperança. É na poesia quando eu me lanço, quando eu me sinto vivo, quando eu posso transparecer minhas ilusões, minhas fantasias, meus medos, minhas alegrias. A poesia é quem me faz seguir em frente, em busca de ser alguém melhor, em busca de força para realizar meus sonhos por mais simples que eles sejam.

RESSONÂNCIAS

Para avivar a consciência
Tenho a dor da tua lembrança
Tão intransigente no adágio da esperança.

Em meus olhos controversos
Não disfarço a inconstância
Tudo me confunde e me provoca insegurança.

Vou errando os meus caminhos
Na tensão da contradança
O meu choro pertinente só atrai desconfiança.

E no afã deste obscuro
Sofro ânsias e alternâncias
Tua voz me alucina em milhões de ressonâncias.

TERIS HENRIQUE FILHO


Para conhecer a obra de Teris Herique Filho, acessem:
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/teris




Texto: Hudson Pereira
Fotos: Priscilla Sampaio

Poesia no Sesi RJ: Vinicius de Moraes

Neste mês de junho, em que se completa 30 anos da morte no grande poetinha Vinicius de Moraes, nada mais adequado que celebrar a sua vida. E é isto que o projeto Poesia no Sesi faz durante todo o mês. Ontem, foi a abertura das homenagens, com a presença da neta do poeta, a cantora Mariana de Moraes, cantando os sambas do avô.
A programação continua por todo mês de julho, para conferir basta ver o flyer abaixo.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Dica de livro: Cartas de Amor de Homens Notáveis

Quem assistiu ao filme “Sex and the City” (2008) ficou encantado(a) com o livro que a personagem Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) lia para seu amado Mr. Big (Chris Noth). “Love Letters of Great Men” continha cartas de amor escritas por homens importantes da História Mundial para suas amadas. No filme eram citados trechos das cartas de Beethoven e Napoleão. O público, então correu para as livrarias, e foi surpreendido com o fato do livro não existir, era fictício, criado para o filme.

(Cena do filme "Sex and the City")
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Aproveitando o interesse repentino, foi lançado nos EUA e agora chega ao Brasil “Cartas de Amor de Homens Notáveis” pela editora Best Seller do Grupo Editorial Record. Com organização da inglesa Úrsula Doyle o livro traz, além das personalidades citadas no filme, cartas escritas pelos poetas John Keats, Victor Hugo, Lord Byron e Oscar Wilde. Leitura imperdível para fãs do gênero romântico e poesia de boa qualidade.

(Capa do livro)
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O livro já está nas livrarias com um preço super especial. A equipe do Papel Ofício já garantiu o seu. Relaxem e aproveitem a doce viagem.

Sobre a organizadora: Ursula Doyle nasceu em 1967. Formou-se no King’s College, a quarta universidade mais antiga da Inglaterra, em 1989 com um diploma em inglês. Desde então, ela trabalha como editora do mercado de livros. Atualmente ela mora em Londres e é diretora editorial da Virago, empresa britânica dedicada à publicação de obras literárias escritas por mulheres.(fonte: record.com.br)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Ferreira Gullar lê poema escrito em homenagem à Oswald de Andrade



Durante a abertura do projeto Poesia no Sesi, sobre o qual já falamos por aqui, tivemos o prazer e a honra de ouvir o grande Ferreira Gullar recitar um poema seu em homenagem ao magnífico Oswald da Andrade na ocasião de sua morte. Então dividimos com vocês este prazer, através deste vídeo filmado por nós, o primeiro vídeo do nosso blog, já começando em grande estilo! Desfrutem!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

12° Salão FNLIJ do livro para crianças e jovens

Fui ao 12° Salão FNLIJ do livro para crianças e jovens neste domingo dia 13 e fiquei encantado como o carioca curte esse tipo de programação. Famílias inteiras passeavam com seus pimpolhos e sacolas cheias de livros.

Fundada em 1968, a Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil – FNLIJ – realiza anualmente o Salão FNLIJ do livro para crianças e jovens que tem como objetivo levar lançamentos e autores ao alcance dos pequenos leitores. Contudo, não se trata de um evento exclusivamente dedicado à crianças e jovens. Pais e professores também podem participar de debates sobre a importância da literatura na formação dos pequenos cidadãos.

Vários pontos podem ser destacados; o local escolhido – o Centro Cultural da Ação e Cidadania (http://www.acaodacidadania.com.br/) num ponto acessível do Centro da cidade à seus espaços para debates onde tapetes e almoçadas permitem que todos se sentem no chão para assistir as palestras, num clima claramente ligado ao universo infantil.

Thalita Rebouças autografa livro de uma avó.
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Quem esteve por lá neste domingo foi a escritora Thalita Rebouças, fenômeno notório de vendas no país, a autora esbanjou simpatia e mostrou que faz sucesso não só com as/os adolescentes e sim com toda família.

Ela disse que durante seu processo de criação se divide em duas personas:

“Quem escreve à frente do computador é uma menina de 15 anos. Quem lê e analisa o texto é a mulher de 35”

Ela também falou sobre seus livros serem adotados nas escolas:

“Acho um máximo que isso aconteça, mas defendo que os professores também adotem os clássicos, como Senhora e Dom Casmurro. Têm que misturar!”

Fila de adolescentes para pegar autógrafo com a Thalita
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Quem também passou por lá foi a consagrada e generosa Marina Colasanti que lançava dois livros simultâneos: “Com certeza eu tenho amor” e “De seu coração partido”

Marina deu tantas declarações interessantes que em breve vai ganhar uma matéria só dela.

Marina Colasanti concede entrevista

Crianças lêem e ouvem histórias num clima de diversão

O salão visto de cima
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Lembrando que o Salão vai até 19 de junho, então ainda há tempo de participar.
O endereço é : Av. Barão de Tefé, 75, Saúde, RJ - Tel: (21) 2233-7460/ 2253-8177 – Zona Portuária

Para a programação e informações completas visitem o site oficial:
http://www.fnlij.org.br/salao/




texto: Hudson Pereira
fotos: Bruno Macedo

terça-feira, 8 de junho de 2010

Poesia no Sesi RJ

Já pensou em almoçar poesia?

Esta é a proposta do Poesia no Sesi, série de saraus realizados todas as quartas-feiras no Teatro Sesi do centro do Rio de Janeiro, sempre ao meio-dia.

O Projeto, que estreou no mês de março e teve a presença de ninguém menos que Ferreira Gullar, já está entrando no seu quarto mês a todo vapor.
Cada mês um poeta conhecido é homenageado; em março foi Oswald de Andrade, em abril foi Maiakovski, em maio foi Torquato Neto, e agora em junho é a vez de Cecília Meirelles.

Mas engana-se quem pensa que pelo palco só passam autores conhecidos como, já dissemos, Ferreira Gullar, Mano Mello e recentemente Affonso Romano de Sant’anna que lançou um livro durante o evento, também tem espaço a nova geração de poetas como Omar Salomão que leu poemas inéditos, integrantes dos grupos Corujão da poesia e Ellas e os monstros.

Os apresentadores também são um show à parte. Claufe Rodrigues, poeta, escritor e apresentador do Programa Espaço Aberto Literatura da Globo News. Atuante na cena cultural carioca há mais de 30 anos. E Mônica Montone, poeta contemporânea, cantora, autora do livro “Mulher de Minutos” e dona de um blog recordista de acessos, o “Fina Flor”, e além de tudo, linda!

Então, não percam a chance de almoçar poesia com essa dupla imbatível. O evento acontece ao meio dia toda quarta-feira até dezembro no Teatro Sesi do Rio de Janeiro, o endereço é Avenida Graça Aranha, nº1, Centro, RJ. A Entrada é Franca. Franquíssima. Nos vemos lá!

Para maiores informações acessem o blog oficial: http://poesianosesirj.blogspot.com/

Confira abaixo algumas fotos feitas pela nossa equipe que já esteve em algumas edições:
Ferreira Gullar na abertura do Projeto

Ferreira Gullar e Claufe Rodrigues

Mônica Montone

Os apresentadores

Mano Melo

Omar Salomão


texto: Hudson Pereira

Abram Alas...

Por que criar um blog que fale de literatura já havendo tantos que fazem o mesmo?
É a paixão pela literatura, paixão essa que fazem escritores, poetas, críticos, teóricos se levantarem e tomarem livros entre as mãos todos os dias.

Nosso blog nasce para ser um canal de divulgação de eventos, entrevistas com autores (conhecidos ou desconhecidos) atuantes na cena literária brasileira, dicas de lançamentos e concursos literários.

Como um recém-nascido que é, com o tempo sua personalidade irá se formando, mas neste dia 8 de junho de 2010 declaramos: O papel ofício nasceu!

O grande objetivo do blog, e daí seu nome, é discutir qual o papel do ofício de escritor/poeta na nossa sociedade, queremos entrevistar principalmente artistas de rua, desconhecidos, que fazem da arte a sua bandeira.

E divulgar todo e qualquer evento que leva arte, poesia ou música para a população.

Enfim, sejam todos bem-vindos ao nosso espaço!



Equipe Blog Papel Ofício.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Quem faz

 Hudson Pereira

Formado em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, começou a escrever poesia aos 19 anos e é apaixonado por literatura desde então. Tem uma página no site Recanto das Letras onde publica poemas desde 2007. Leitor voraz, tem preferência por autores contemporâneos brasileiros e poetas da geração marginal. Seus ídolos são Cazuza, Charles Bukowski e Caio Fernando Abreu.